A movimentação migratória de pessoas para nossa cidade contribuiu para sua denominação como Mineiros?
Até hoje existem várias explicações sobre o nome Mineiros. Uma delas é mencionada por Martiniano J Silva (1984: 12), que destaca a vida de um de um homem chamado João Mineiro, vindo das Minas Gerais, radicado “nestas paragens, às margens de um córrego, logo chamado ‘do Mineiro’, que é hoje o córrego Mineiros”; em seguida chegaram outros habitantes que passaram a visitar João Mineiro e dizer: “Vamos lá no Mineiro!” (SILVA, 1984).
A segunda versão conta sobre um boi carreiro chamado “Mineiro”. Esse boi tinha a mania de empacar e, quando estava conduzindo pesadas carruagens, costumava
atolar no córrego que tinha o nome de “Mineiro”. Seu dono, segundo consta, era João Mineiro, que “de ferrão em punho, tangia o boi: “Mineiro, Mineiro, ôia… levanta Mineiro”, advindo, certamente por isso , o topônimo Mineiros” (SILVA, 1984: 13).
Outra versão, considerada oficial, seguida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, é que o topônimo Mineiros teria surgido em decorrência da descoberta de diamantes pelos Irmãos Carrijo de Rezende, no Rio Verde, e que teria atraído aventureiros para a região. Os primeiros exploradores do mineral eram chamados de “mineiros”, originando o nome da cidade.
Silva (1984) argumenta que essa versão não pode ser sustentada porque: (…) os bandeirantes dos finais do século XIX ou de todo aquele período, com mais razão os que partiam de Minas para Goiás e Mato Grosso, já se encontravam imbuídos de uma outra preocupação econômica, a do boi, e não tanto, a do ouro, então reconhecidamente decadente. (p. 13) A exploração de diamantes que se encontrava com abundância no rio Verde (conhecido como Verdinho), distante 6 km de Mineiros, só passou a acontecer por volta de 1910 com a chegada dos baianos à região. Atualmente esse minério é muito escasso, embora ainda haja a presença de alguns garimpeiros à sua procura.
O que se levantou também, por meio de pesquisa junto aos moradores e de pesquisa feita por Martiniano Silva (1984), é que por volta de 1873 os Carrijo de Rezende, família composta por nove irmãos, irmãs e seus filhos, saíram de Minas Gerais, da região conhecida como Sertão da Farinha Podre – hoje Triângulo Mineiro, mais precisamente da região do Prata, lugar chamado Rocinha – em busca de riqueza, entre elas a terra para criar seu gado e abrigar suas famílias.
Trouxeram consigo todos os seus pertences, inclusive os escravos (época em que os negros eram considerados objetos, propriedades do homem branco) e se fixaram no local chamado Ressaca, localizado na Fazenda Flores. Segundo Martiniano J Silva (Terra e Povo. Secretaria Municipal de Educação, 1994). O povoamento de Mineiros aconteceu de forma dispersa; as famílias adquiriam suas terras, formando grandes fazendas. A Fazenda Flores a qual nos referimos possuía uma “área total de aproximadamente 30.161 alqueires goianos”.
(…) vieram em carro de boi, conduzindo guaiacas, balas de espingarda, engenho
de serra, oratórios de Divino, cinturões com bolsos de guardar dinheiro, além de
outros apetrechos mais ou menos típicos e característicos de uma preocupação
econômica latifundiária. (SILVA, 1984: 14).
Também trouxeram sementes para formar lavouras destinadas à subsistência e pastos para criar o gado. Mas não fizeram isso sozinhos; em todas as atividades desenvolvidas aqui na região utilizaram-se da mão-de-obra escrava trazida de Minas Gerais.
É importante destacar que a história do povoamento de Mineiros não foi feita só pela família Carrijo de Rezende. Também outras famílias que compõem a sociedade
mineirense aqui chegaram nessa mesma época. Por volta de 1905, os nordestinos, mais especificamente os baianos, em sua maioria da região de Santana dos Brejos, saíram de suas cidades a pé, desbravando sertões em busca de outra condição de vida.