sábado, setembro 30, 2023
InícioEnsino & EducaçãoOs adolescentes e os limites.

Os adolescentes e os limites.

Durante este período trabalhando na implantação do projeto CAD nas escolas Estaduais de Mineiros, nos deparamos com vários desafios e fatos que muitas vezes nos angustiam, nos chocam e pedem frequentemente sabedoria na tentativa de solucioná-los.

Contudo, a maior dificuldade encontrada é a falta de amparo e apoio das famílias em transmitir aos filhos valores e limites tão essenciais para o bom desenvolvimento do ser humano. O que mais nos entristece é constatar que algumas famílias muitas vezes já desistiram de tal tarefa.Isabel-palestrando

Compreendemos que a educação dos filhos, embora seja tarefa extremamente complexa, deve ser intransferivelmente da família, vivenciada em um ambiente de paz, carinho e diálogo, não se pode, contudo, transferir essa responsabilidade ao Estado, representado pela figura da escola ou mesmo ao Conselho Tutelar, ao Promotor de Justiça ou ao Juiz de Direito.

Frisamos em conversas com as famílias a responsabilidade tanto moral quanto legal que os mesmos possuem em relação a seus pupilos. Dizemos sempre que a escola é local de ensino e construção da cidadania, mas educação e respeito vêm de casa e não é a escola que tem que suprir o papel dos pais e sim apenas complementá-lo.

pais-ant-carrijo3Sendo assim gostaria de compartilhar com os leitores uma reportagem da autora e mestre em educação Tania Zagury, muito propicia para auxiliar as famílias que vem encontrando dificuldades em impor na medida certa os limites para que os jovens se desenvolvam bem e consigam se tornarem cidadãos responsáveis, críticos e cumpridores de seus deveres em sociedade.

Lília e Isabel Cristina
Implantadoras do projeto CAD

  • OS ADOLESCENTES E OS LIMITES
    Tania ZaguryComo estabelecer limites a um adolescente, se o meio favorece justamente o contrário?Limitar é ensinar que todos temos direitos, sim, mas deveres também. Limitar é mostrar que o outro também deve ser considerado quando nos decidimos a agir, que nunca devemos pensar apenas em nós mesmos, mas sim compreender que vivemos em grupo, ou seja, convivemos.
    Antes de tudo, é preparar nossos filhos para o exercício da cidadania. É esta, sem dúvida, uma parte importante do trabalho educacional da família. Estabelecer limites é dar responsabilidade, o que implica em tornar nossos filhos, mais cedo, adultos responsáveis.

    NOSSA REALIDADE

    Quanto mais hostil for o meio, ou seja, quanto pior estiverem às coisas na sociedade, mais nós, os pais, devemos compreender e introjetar a importância do nosso papel, em especial, o PESO do nosso exemplo e dos nossos ensinamentos. Mais que temer a influência do meio, devemos continuamente analisá-lo com nossos filhos, para que eles tenham condições de se defenderem de influências indesejadas.
    Se vivemos numa sociedade em que muitas pessoas acham que podem tudo devido à impunidade existente, isto não é motivo para que ensinemos nossos filhos a serem desonestos. Pelo contrário, é desvelando essa realidade injusta e analisando o que está ocorrendo que poderemos instrumentalizá-los a adotarem uma postura combativa e de luta contra as injustiças.
    “Entregando os pontos” estaremos apenas dando razão à desonestidade e à falta de caráter. Afinal, qual o nosso objetivo ao educarmos nossos filhos? Formar um cidadão respeitado, justo, honesto ou criar um arremedo de ser humano, alguém que só pensa em “se dar bem”, independente da forma, já que existe tanta coisa errada por aí?

    ORIGEM DA AGRESSIVIDADE

    A agressividade não é inerente à adolescência, como muitos pensam. O que caracteriza esta faixa etária do ponto de vista do crescimento intelectual e afetivo é, entre outras coisas:
    A) antagonismo: é a capacidade incansável e inesgotável de o jovem se opor, contestar e colocar-se contra tudo ou quase tudo que pessoas revestidas de algum grau de autoridade lhe apresentam, em especial se essas pessoas forem o pai e a mãe.
    B) instabilidade emocional: as grandes mudanças físicas, intelectuais, emocionais e sociais que ocorrem na adolescência podem influenciar o humor, levando a fortes e contraditórios sentimentos, alternando alegria, euforia, tristeza e melancolia, mau humor ou mutismo.
    C) inquietação: nesta fase do desenvolvimento, o jovem percebe, intui e vivencia a chegada da idade adulta, que ele deseja e teme ao mesmo tempo: deseja pelo tanto de liberdade e independência que sonha conquistar; teme pelo que pressente que irá assumir, em termos de responsabilidades, abandonando uma etapa na qual o prazer é a tônica e as obrigações ainda são poucas.

    TOLERAR?

    Nada justifica, entretanto, que, por conta do que foi exposto, o jovem passe dos limites de uma convivência sadia para agressões graves. O que é compreensível e aceitável é surgirem atitudes de irritabilidade, mutismo, depressão leve, impaciência, espírito de contradição, teimosia, resistência passiva etc., nunca violência e desrespeito. É muito bom quando os pais compreendem o que o adolescente está passando e deixam passar, sem revidar, algumas das atitudes citadas, não levando tudo a ferro e fogo, a fim de favorecer a independência do filho.
    Afinal, a maior parte dessas atitudes representa apenas a insegurança característica da idade e o desejo de crescimento. Entendendo o que se passa, é mais fácil tolerarem algumas atitudes de autoafirmação dos filhos. Nunca, porém, os pais devem permitir que as coisas cheguem ao ponto de gritos, zombarias, agressões físicas, verbais ou morais. Se isto acontecer, provavelmente será porque não foram estabelecidos, de forma clara, os limites do que é aceitável e do que não é.

    PRESSUPOSTOS PARA EDUCAR

    Pais bem orientados e equilibrados agem com os filhos adolescentes apoiados em um tripé básico:
    A) empatia: para isso é necessário saber ouvir, sem preconceitos, deixar o coração livre e desimpedido para “sentir com” e, principalmente, dar mostras de compreensão do sentimento do outro.
    B) diálogo: depois de ouvi-lo colocar suas dúvidas e problemas, você parte para a análise conjunta da situação e a busca de soluções possíveis, de preferência orientando, sugerindo, mas deixando, sempre que possível, a decisão final a cargo do jovem.
    C) estabelecendo limites: ter empatia e dialogar não impede nem impossibilita que, quando necessário, você estabeleça limites, com base na sua autoridade e no dever de zelar pela segurança dos filhos. Isto quer dizer que, muitas vezes, por mais que tente, você não conseguirá convencer seu filho de alguma coisa que considera fundamental e, então, se torna necessário estabelecer alguma regra ou proibir alguma coisa.

    QUANDO AGIR

    A agressividade deve ser combatida toda vez que superar os limites da educação, da polidez, da civilidade. E também sempre que percebermos que nosso filho está agindo, falando, se comportando, enfim, de forma que possa colocar em risco sua segurança, seu futuro. Mesmo quando não se trabalhou os limites na infância, é possível reverter à situação. É mais difícil, mas não impossível. O fato de os pais perceberem que perderam tempo, deixando de aproveitar a infância para o estabelecimento dos limites mínimos, o que determina uma convivência baseada no respeito e na igualdade de direitos e deveres, já os coloca um passo adiante na resolução do problema.

    ANTES, O EXEMPLO

    O jovem pode também estar gritando, agredindo, para ser ouvido, como se fosse um pedido de socorro, num meio desfavorável. A omissão, a indiferença ou a falta de amor e o desrespeito são outros determinantes de atitudes agressivas. De fato, não existem apenas os pais equilibrados, amorosos e justos. São muitos os que agridem física e moralmente os filhos. A falta de compreensão ou ainda a omissão e a indiferença são os elementos que mais levam à agressividade.
    A regra básica para qualquer relacionamento, seja entre pais e filhos, marido e mulher, irmãos ou amigos é:
    – para sermos respeitados, precisamos respeitar. Então, se só falamos com nossos filhos aos berros, enfadados ou sendo muito críticos, provavelmente receberemos em troca um tratamento pelo menos semelhante. Sejamos adultos, mostremos equilíbrio, revelemos sempre o nosso amor e carinho, sejamos justos e equânimes, mas tracemos limites claros, objetivos e adequados e, por fim, estejamos sempre disponíveis para nossos filhos. Assim diminuísse muito a agressividade e encurta-se o caminho para a maturidade.

Mineiros.com
Conhecida como "cidade saúde", acolhedora e em rápida evolução e crescimento, antigamente denominada a Princesinha do Sudoeste, Mineiros convida todos a uma visita para conhecer e investir nessa promissora cidade. Curta e contribua com o site enviando suas histórias, fotos e sugestões.
RELATED ARTICLES

Most Popular

Recent Comments

Walley Marlos Pereira on José Alves de Assis
Marisley Gomes Martins on José Alves de Assis
Pedro Nicomedes de Rezende on José Alves de Assis
Pedro Carlos Cunha on Dom Eric Deichman & Lavoura
Rildo Rodrigues de Oliveira on Martiniano José da Silva
Rizan Luiz Pereira on Mercadão Municipal de Mineiros
laurecy cabral de mello on Martin Doido
antonio elviro de rezende on Mercadão Municipal de Mineiros
Diomar Rodrigues da Silva on Cachoeiras e riachos belíssimos em Mineiros
claudionor ramos goes on Dom Eric Deichman & Lavoura
Lucinda Freese Alves on Martin Doido
Jailton Araujo on Martin Doido
gilzete on Martin Doido
elias on Martin Doido
NARA RÚBIA on Time dos Gordos – 1964
Vinícius de Queiroz Rezende on Mineiros de Antigamente – Praças
Solene Lopes de Oliveira on Mineiros de Antigamente – Praças
jeovargues b resende on Martin Doido
angela.aparecida.sabina dos santos on Martin Doido
Norma Ataídes Ferreira Mota. on Time dos Gordos – 1964
juraci alves de alcantara on Fundador de Mineiros
degleiber de oliveira on Time dos Gordos – 1964
Carlos |Alberto Flores Chaves on Mineiros de Antigamente – Prefeitura & Comiva
marcelo de oliveira sousa on Mineiros de Antigamente – Praças
WAGNER IRINEU SOUSA on Mineiros de Antigamente – Praças
valter machado costa on Martiniano José da Silva
eide araujo on Mineiros1941-7
Josias Dias da Costa on Mercadão Municipal de Mineiros
João Bosco Barbosa de Souza on Cachoeiras e riachos belíssimos em Mineiros
Ivan Ferreira Domingues on Mineiros de Antigamente – Fotos Aéreas
Mineiros.com on Fundador de Mineiros
silverio on Fundador de Mineiros
Josias Dias da Costa on Fundador de Mineiros
wesley martins da silva on Paulo Freire
jonnathan on Paulo Freire
Celino Alexandre Raposo on Paulo Freire
Nice on Paulo Freire
Rita de Cássia Martins Medeiros Costa on CAD – Cidadania com Amor e Disciplina
Maryland on Paulo Freire
ilcilene ferreira de sousa on A escola serve para que?
ilcilene ferreira de sousa on Mãe e Aluna sobre disciplina do CAD Tol. Zero
Marta Maria de Paula Aragão on CAD – Cidadania com Amor e Disciplina