A natureza está mudando em Mineiros, pois estamos presenciando algo interessante acontecendo.. Nevando fuligem em toda a cidade.
No dia 07 de outubro de 2013 tivemos uma experiência interessante em toda a cidade. Fuligem da queima da cana-de-açúcar caindo constantemente do céu em nossas cabeças. O mais interessante é que não houve qualquer comentário coletivo a respeito desse evento e a notícia foi que adveio da queimada de cana-de-açúcar plantada próximo à região do Posto 71.
Muitos não se incomodam com o cheiro de queimada poluindo o ar que respiramos. Há uma grande maioria também que não reclama da poluição do ar pelas grandes empresas, que nos brindam várias vezes no mês com um desagradável cheiro que toma toda a cidade assim que os ventos se mudam.
Talvez ninguém tenha ainda levantado essa ‘bandeira’ porque não conhecem, pelo menos em relação à queimada da cana-de-açúcar, do potencial cancerígeno provável que advém de sua fuligem.
A queima da cana é feita para facilitar o corte, o fogo alastra-se nas plantações de cana-de-açúcar. Com isso, a fuligem, também conhecida como carvãozinho, material com alto poder de provocar a sujeira, é projetada a quilômetros de distância, dependendo do vento. Crianças, adultos e idosos que sofrem de rinite alérgica tem o problema agravado.
O site isaude.net esclarece que queima de canaviais aumenta ocorrência de câncer e distúrbios cardiovasculares. Veja o que diz as pesquisas:
‘De acordo com o artigo, a fuligem emitida pela queima de biomassa, em especial as partículas finas (conhecidas como MP10, menores do que 10 micrômetros) e ultrafinas (ou MP 2,5, menores do que 2,5 micrômetros), contém substâncias cancerígenas e capazes de provocar também distúrbios cardiovasculares.
Esta última relação foi observada em um trabalho da pesquisadora Mary Rosa Marchi, do Instituto de Química da Unesp em Araraquara, cidade cercada pelo cultivo de cana-de-açúcar. Especialista em química ambiental, há 19 anos ela e outros colegas investigam a composição orgânica das partículas resultantes da queima. ” Minha suspeita era de que a fuligem da cana continha HPAs [hidrocarbonetos policíclicos aromáticos – compostos químicos com reconhecida ação mutagênica e carcinogênica], já que eles são produzidos durante a combustão incompleta de material orgânico” , diz. Confirmada a hipótese, a pesquisadora selecionou 17 desses poliaromáticos, apontados como poluentes prioritários por agências ambientais internacionais, e iniciou uma série de estudos com amostras da fuligem da cana.
Um dos mais recentes, conduzido por seu orientando de doutorado, Flávio Soares Silva, e publicado em 2010 na revista Atmospheric Environment, mostrou que durante a safra da cana em Araraquara os níveis de concentração no ambiente do temido benzo(a)pireno – HPA com ação cancerígena comprovada – ultrapassavam em 75% os limites aceitáveis estipulados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). ” Essa concentração equipara-se aos níveis detectados em megacidades como São Paulo na mesma época do ano” , compara Silva.
Em outra frente, estudos realizados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, também da Unesp em Araraquara, com a bactéria Salmonella typhimurium mostraram que HPAs presentes nas micropartículas MP10 da fuligem induzem mutações gênicas, o que evidencia o seu potencial cancerígeno. ” Alguns desses compostos químicos são capazes de danificar o DNA” , afirma a geneticista Eliana Varanda, do Departamento de Ciências Biológicas. Em artigo aprovado para publicação na revista Environmental Research, a pesquisadora mostra que a mutagenicidade dessas substâncias é quatro vezes maior na época da queima da cana, quando a concentração de micropartículas triplica no ambiente.
O patologista Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental (LPAE) do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, é pioneiro no Brasil na pesquisa sobre os efeitos tóxicos dos poluentes emitidos por combustíveis fósseis em centros urbanos. Desde 1995, ele coopera com o pneumologista Marcos Arbex, também do LPAE/USP, em uma série de estudos epidemiológicos sobre a queima de biomassa. Foram esses trabalhos que desencadearam todos os demais.
” Hoje sabemos que o prejudicial na fuligem da cana não são as partículas grossas, que ficam presas no trato respiratório superior, mas as finas e ultrafinas, capazes de penetrar nos pulmões. As finas se depositam nos alvéolos pulmonares, provocando uma inflamação local, e as ultrafinas, além dos alvéolos, atingem também a corrente sanguínea, dando início a um processo inflamatório sistêmico” , explica Arbex.’
Essas queimadas serão constantes de hoje em diante em Mineiros. O que você acha disso? Dê sua opinião sobre o