Tenho na minha querida Biblioteca, cá no burgo mineirense chamada “do Martiniano”, mais de seis mil livros, entre os quais os mais importantes e famosos do mundo, antes de tudo, ousando dizer “… com quem ando”; em segundo lugar, intuito de me abeberar de conhecimento e sabedoria de que sou carente e me entusiasmam. De tanto esforço querendo saber das coisas e compreender o mundo, achei por bem adotar o seguinte método: ler a obra, que não é qualquer leitura; ler o que escreveram dela e sobre ela; ler a biografia do autor, que também não é qualquer uma. Quem faz isso, certamente obtém bom resultado. Como alcancei 77 anos, pensando na 4ª idade, que segundo o filósofo Norberto Bobbio, começa aos oitenta, ainda minguado no tino, discernimento e tomado de dúvidas, percebi que é preciso andar celeremente nas minhas leituras; sem prejudicar, contudo, seu objetivo essencial, anunciado. É assim que estou lendo o epigrafado “100 autores que mudaram a História do Mundo” (2003), de Christine N. Perkins, tradução Marise Chinette de Barros, Ediouro Publicações, Rio de Janeiro, tendo como conteúdo básico, enriquecendo a enorme celebridade dos autores, biografia, literatura e crítica.
Para começo de conversa, o objetivo citado e os que acham que informação, conhecimento e sabedoria, na modernidade globalizada, só podem ser adquiridos através da internet e do seu imbróglio tecnológico, lembro que os nomes e o talento desses ícones da cultura universal, continuam bem vivos como o maior tesouro da raça humana, como diz texto no anverso, “representando o próprio espírito da humanidade”, mostrando que sem eles não haveria internet e outros incríveis avanços da experiência humana. Não se conheceria as famosas, clássicas e ainda charmosas fábulas de Esopo, conhecidas por quase todas as crianças, bem vivas e presentes nos dias de hoje. Quem poderia falar na Guerra de Tróia, sem ler Homero, um poeta provavelmente cego? A criação de personagens imortais, como o Tarzan de Edgar Rice Burroughs ou Sherlock Holmes de Sir Arthur Conan Doyle? O uso magistral do idioma, como Shakespeare e Camões, um estilo literário revolucionário, como James Joyce e Guimarães Rosa?
O bom é que com Homero, Virgílio, Dante Alighieri, Miguel de Cervantes, Luís de Camões, William Shakespeare, Léon Tolstoi, Victor Hugo, Pablo Neruda, José Saramago, Gabriel Garcia Márquez, Agatha Christie, Fernando Pessoa, James Joyce e outros monstros da cultura universal, estão os brasileiros, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Érico Veríssimo, Guimarães Rosa, Jorge Amado e Clarice Lispector, que temos que considerar nativa deste Brasil.
Nos nomes e breves biografias de “100 autores que mudaram a História do Mundo”, há uma visão global da herança literária da humanidade, começada nos épicos de Homero e Isopo nos séculos IX e VI a.C.; continuada na Renascença de literatura ligada ao humanismo, ideais escolásticos e à arte, no uso da linguagem; o Iluminismo, acontecido na Europa no século XVIII, onde os autores eram líderes espirituais, discutindo e desenvolvendo as grandes ideias; mostrando que desde Shakespeare, os autores passaram a ser vistos como zelosos guardiões dos ideais culturais ou criadores de entretenimento popular, revelando que a literatura de qualidade sobrevive à sua maior prova – o tempo; alcançando a idade contemporânea dos livros considerados obras-primas e os escritores que se tornaram celebridades no hoje em dia do século XXI, emergindo assim, os diversos períodos literários, cada um com um grande significado na história do mundo. Uma verdadeira celebração dessa imensa herança literária que, segundo informa redação no finalzinho da “orelha”, é “uma rápida fonte de consulta e um ponto de partida para leituras e estudos mais profundos”.
(Martiniano J. Silva, advogado, escritor, membro da Academia Goiana de Letras e Mineirense de Letras e Artes, IHG-GO, UBE-GO, mestre em história social pela UFG, professor universitário, articulista do DM – martinianojsilva@yahoo.com.br)